SETEMBRO AMARELO

SETEMBRO AMARELO

Durante o Setembro Amarelo, campanha de prevenção ao suicídio, a depressão pós-parto também é um tema que merece atenção, sendo importante estar alerta à depressão por todo o período da gravidez. A orientação é da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Rio Grande do Norte (Sogorn). Muitas mulheres idealizam a gestação ao longo da vida, crescem com a expectativa de gerar uma criança acreditando que esse momento é de total felicidade. No entanto, para algumas mulheres, por razões diversas, a gravidez pode provocar confusão, medo, incerteza, tristeza, estresse e, tudo isso, pode contribuir para um estado depressivo.

Segundo o Ministério da Saúde, a depressão é um problema médico grave que pode causar sensação de tristeza, autodesvalorização, sentimento de culpa, falta de energia, insônia ou sonolência, falta de apetite, mal-estar, dor no peito, taquicardia e outros sintomas. Alguns deles, como por exemplo alterações no sono, indisposição ou perda de apetite, são comuns durante a gravidez, e isso dificulta o diagnóstico da depressão.

De acordo com o estudo “Prevalência da depressão gestacional e fatores associados”, realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro, os sintomas de depressão são mais comuns e graves durante a gravidez do que no período pós-parto, sendo raros os casos de suicídio. Dessa forma, o acompanhamento pré-natal pode ajudar a monitorar a doença e diminuir os danos.

A recomendação da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Rio Grande do Norte (Sogorn) é que os obstetras estejam atentos a alguns fatores de risco que podem ser observados durante o acompanhamento pré-natal, são eles: ansiedade, estresse, histórico de depressão, gravidez indesejada, complicações da gestação e histórico de abuso ou trauma. Quando identificados esses sintomas é preciso recomendar acompanhamento psicológico durante a gravidez.

No caso da Depressão Pós Parto (DPP), segundo Stenia dos Santos Lins, membro da Sogorn e médica aposentada da Secretaria de Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap) e da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC/UFRN), estudos apontam que entre 30% a 40% das mulheres atendidas em unidades básicas de saúde, na ESF ou com perfil socioeconómico baixo, apresentaram elevados níveis de sintomas depressivos. 

“Durante o período do pós parto, há exigências adaptativas impostas às mulheres e isso acaba sobrecarregando-as. É importante que nós, profissionais da saúde, conheçamos os fatores de riscos para detectar precocemente o início de uma possível depressão, como falta de apoio familiar e/ou social, comportamentos suicidas anteriores, crises de ansiedade, idade menor que 20 anos, violência doméstica, entre outros”, aponta Stenia.

As pressões culturais da sociedade, a romantização da maternidade e desse período da vida das mulheres são, em muitos casos, incompatíveis com a realidade vivida durante o puerpério, fase que compreende desde o parto até o momento em que o corpo da mulher volta às condições anteriores à gestação. Por tudo isso, a especialista alerta, cuidar da saúde mental das gestantes desde o pré-natal é essencial para identificar a depressão durante a gestação e o período do pós-parto.